GERAÇÃO PRÉ-ADÂMICA

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

DAVI E JÔNATAS. AMIZADE BEM ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA






A amizade é um dos aspectos mais subestimados da espiritualidade. Vivemos na era dos conteúdos esvaziados, dias onde tudo é marcado pela penumbra da suspeita. Os relacionamentos são marcados por pitadas de maldade. Não são poucos os que lêem o texto sobre a amizade entre Jônatas e Davi e acreditam numa provável relação homossexual entre eles. O que me intriga é que, geralmente não se valoriza o que a Bíblia diz (principalmente quando ela é normativa em questões de relacionamentos), contudo, buscam-se desesperadamente textos bíblicos que legitimem as práticas homossexuais. Então, valoriza-se a Bíblia ou não?


A raiz dessa problemática está na abismal incapacidade do homem pós-moderno em manter amizades leais, a incapacidade de pertencer. Não é por acaso que os psicólogos e psiquiatras estejam sendo vistos como “amigos profissionais”. É a tragédia da amizade descartável, uma espécie de relação utilitarista e monetária que, movida pela estética do fingimento, termina quando o dinheiro (ou o prazer) acaba. Um provérbio italiano diz: “Amizade que termina, nunca começou”. Eugene Peterson diz: “um Jônatas faz acontecer um Davi”.


O amor que a Bíblia define na relação de Jônatas e Davi vai muito além da famigerada “opção sexual” – é uma forma de santidade. No texto bíblico de I Samuel 20. 42, Jônatas diz a Davi: “O Senhor seja testemunha entre mim e ti”, esse amor torna a experiência humana em algo santo. Essa amizade permitiu um milagre: de maneira radicalmente oposta a seu pai, Saul, Jônatas discerniu a presença de Deus em Davi. A amizade de Jônatas conseguiu enraizar-se na alma de Davi de uma forma que o ódio de Saul jamais conseguiu. Foi uma amizade baseada no “vínculo da paz”.


O fator Jônatas é a aliança, o pacto, o “amor de almas”, que cria vínculos na sociedade dos solitários. Muitos pactos de amizade – o fator Jônatas – ainda são vividos nas atuais “cortes de Saul” que se tornaram alguns casamentos, postos de trabalho, famílias, igrejas, lugares que vivem em condições hostis a esse tipo de propósito. Entretanto, a vitória está na permanência da aliança e não na vulnerabilidade das circunstâncias e opiniões.


No mesmo texto, I Samuel 20. 42, Jônatas diz a Davi: “Vai-te em paz”: uma amizade libertadora, não opressiva, digna do amor que permite ao outro a potencialidade de suas asas. Não vejo qualquer conotação homossexual entre Jônatas e Davi – nenhuma tentativa “romanceada” de sexualizar, erotizar ou “casar” esses dois corações.

É isso aí!



Um comentário:

  1. Todos nós sabemos o que é o amor e o que este sentimento pode transformar-nos em pessoas melhores.
    A Bíblia é a palavra de Deus, inspirada por alguns homens que de uma forma ou outra tiveram uma experiencia forte com Deus e o resultado desta experiencia resultou numa grande abertura no nível de consciência de cada um, levando-os a registrar o que seriam as passagens bíblicas.
    Eu entendo que Davi, pelo seu histórico era alguém arrojado,amante de perigos, mas temente a Deus, porque sabia viver na graça, mesmo com o contra censo de suas praticas, algumas delas chegando a beira do despudor.
    A entrada de Jônatas na vida de Davi foi uma união que em muito transcendia os anseios e a volúpia do simples prazer sexual. Havia ali o sentimento puro do amor movimentando os corações de uma maneira tão abençoada e permitida por Deus, que ali selou este relacionamento , aos olhos de Deus na forma da "graça em seus olhos", fazendo com que Jônatas amasse Davi com todo o seu entendimento...
    Pudera, os amigos pudessem se amar na natureza da totalidade do entendimento trazido por Deus através da "graça em teus olhos" Não é?

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